Compreensão dos Impactos Geológicos de Inundações e Deslizamentos de Terra: Capacitação para Profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua

Recentemente, o Rio Grande do Sul enfrentou um dos eventos climáticos mais extremos de sua história, com chuvas intensas e enchentes que devastaram mais de 300 cidades, causando prejuízos significativos em infraestrutura, agricultura e habitações. Em resposta a esses desafios, foi promovida uma capacitação online para profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua, organizada pelo CREA-RS, CREA-ES, Mútua-RS, Mútua-ES, Mútua Nacional e Confea. Este curso, que contou com renomados especialistas, visou preparar engenheiros, geólogos e outros profissionais para atuar em situações de desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra.

A palestra, ministrada pelo Eng. Geólogo Eder Moreira, destacou a importância da compreensão dos impactos geológicos, essenciais para a mitigação de riscos e o planejamento de resgates em eventos catastróficos. A história geológica do Sul do Brasil, especialmente do Rio Grande do Sul, foi analisada para entender a formação da paisagem ao longo dos últimos 320 mil anos e a influência das mudanças climáticas e variações do nível do mar.

A formação dos solos, influenciada pela fauna, flora e variações climáticas, resulta em diferentes horizontes de solo, com características únicas que afetam sua permeabilidade e compressibilidade. Esses fatores são cruciais para a geotecnia, que estuda a transição entre solo e rocha. A análise detalhada do solo é vital para prevenir deslizamentos e desabamentos, sendo necessário identificar a composição do solo e suas características geotécnicas. A importância da proteção de taludes e a realização de ensaios geotécnicos foram temas centrais, destacando a diferenciação entre amostras deformadas e indeformadas para uma análise precisa.

A prevenção de riscos geológicos, como deslizamentos de terra e inundações, depende de uma série de boas práticas de engenharia que garantem a segurança e a resiliência das áreas afetadas.

Uma das principais abordagens é a caracterização geotécnica dos solos em campo, que inclui a análise de fatores como permeabilidade, colapsibilidade e adensamento. Essa caracterização é essencial para identificar possíveis problemas e prevenir desastres, como erosões e deslizamentos, especialmente em regiões que sofrem com urbanização intensa. A urbanização, por sua vez, pode agravar os riscos naturais ao promover ilhas de calor e impermeabilização do solo, aumentando o risco de desastres. Para mitigar esses riscos, é fundamental adotar práticas como a drenagem adequada das áreas urbanizadas e a preservação dos terraços aluviais, que ajudam a controlar o escoamento superficial e a prevenir inundações.

Outra prática importante é a dragagem de canais e reservatórios, que visa prevenir o assoreamento e manter a eficiência hidráulica das estruturas, reduzindo a probabilidade de inundações. Além disso, a revegetação de áreas erodidas e a proteção das matas ciliares são essenciais para prevenir a degradação ambiental e estabilizar o solo.

Os ensaios de Casagrande desempenham um papel crucial na prevenção de riscos ao determinar os limites de plasticidade e liquidez do solo, que são essenciais para entender seu comportamento em diferentes condições. Juntamente com a análise de resistência do solo, que avalia a combinação de atrito e coesão entre as partículas, esses ensaios permitem identificar áreas propensas a deslizamentos e implementar medidas de estabilização adequadas.

A estabilização de taludes é outra prática fundamental, especialmente em encostas e áreas de risco. Técnicas como o retaludamento, a revegetação e a drenagem superficial são eficazes para garantir a estabilidade do terreno. Soluções sustentáveis e de baixo custo, como o uso do capim vetiver, também são opções viáveis para o controle de erosão e estabilização de taludes.

A colaboração entre engenheiros, geólogos, agrônomos e órgãos públicos foi incentivada para garantir a segurança e eficácia das atividades técnicas. A importância de unir esforços para mapear áreas de risco e implementar medidas preventivas, como simulações e modelagens para deslizamentos e inundações, foi destacada como essencial para a prevenção de desastres naturais.

A capacitação promovida pelo CREA-RS e entidades parceiras reforçou a importância do conhecimento geológico e da colaboração multidisciplinar na prevenção de desastres naturais. Com a crescente frequência de eventos climáticos extremos, é fundamental que profissionais da engenharia, geologia e agronomia estejam preparados para atuar eficazmente em situações de risco, contribuindo para a segurança e resiliência das comunidades.

Para quem deseja aprofundar-se no tema, a palestra do Eng. Geólogo Eder Moreira, “Compreensão dos Impactos Geológicos de Inundações e Deslizamentos de Terra”, o vídeo pode ser acessado na íntegra logo abaixo.